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Empresas familiares são muito comuns ao redor de todo o mundo.

E, no Brasil, quando são analisados dados, nota-se que sua importância chama bastante a atenção.

Segundo a consultoria PwC, no final de 2016, elas representavam cerca de 80% da totalidade de empresas existentes no país.

Mesmo com tanto destaque, organizações que funcionam através de um controle familiar passam por alguns desafios complicados, que as demais não enfrentam.

Por isso, adotar um sistema de governança corporativa em empresas familiares fará toda a diferença em seus negócios.

Os desafios de empresas familiares

A mesma pesquisa que apontou a gigante relevância dessas organizações no cenário brasileiro também foi responsável por chamar a atenção para um fator preocupante.

Apenas 12% dessas organizações consegue sobreviver depois da terceira geração familiar sob seu comando.

Esse é um número inquietante, que demonstra a enorme dificuldade dessas empresas em manter um bom funcionamento ao longo do tempo.

E um dos principais elementos considerados como causadores desse problema é, justamente, aqueles relacionados à regulação da empresa.

Afinal, a questão que mais gera desafios nessas organizações são os erros na hora de conseguir regular os relacionamentos familiares com os negócios.

Os dois fatores que mais costumam causar esses conflitos são:

  • Como decidir o direcionamento dos negócios
  • O desejo dos executivos membros da família de alcançar cargos de poder dentro da organização

Assim, quando há falhas no processo de regulação da empresa, é frequente se deparar com disputas familiares capazes de abalar profundamente a empresa como um todo.

Por isso, adotar boas práticas de governança corporativa na empresa familiar pode ser decisivo.

E não somente para a saúde de seus negócios, mas para a sobrevivência da organização a longo prazo e até da manutenção das relações entre os membros da família.

Veja também: Entenda os benefícios da governança corporativa para seu negócio

A governança corporativa na empresa familiar

Para que adotar boas práticas de governança corporativa na empresa familiar?

A implantação desse sistema serve, justamente, para conseguir criar uma separação entre a ideia de propriedade, de família e de gestão.

Ou seja, mesmo quando uma pessoa detém o direito de herança sobre a empresa, isso não significará que possui, automaticamente, o direito de exercer a função de gestor.

Além disso, conflitos entre familiares, que defendem cada um seus interesses particulares, ao invés de considerarem o que é melhor para a organização, são muito comuns nesse ambiente.

Assim, gestão e propriedade se tornam coisas separadas e as figuras de liderança serão desempenhadas por aqueles que realmente demonstrem merecimento para esses cargos.

Afinal, é muito importante conseguir compreender que gerenciar um negócio não é nem de longe uma tarefa fácil.

Essa é uma posição que demanda muita habilidade, preparo e conhecimento prévio, pontos que não são conferidos automaticamente por relações consanguíneas.

O que é a governança corporativa em empresas familiares?

O termo governança corporativa parece assustar no primeiro contato, passando a sensação de burocracia e de dificuldade de aplicabilidade.

Mas, na verdade, a realidade não é bem essa – e sua aplicação gera muitos benefícios.

De acordo com o IBCG ( Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), a governança corporativa seria definida como:

“O sistema pelo meio do qual a empresa é dirigida e monitorada, envolvendo os relacionamentos entre Acionistas, o Conselho de Administração, a Diretoria, a Auditoria Independente e o Conselho Fiscal.”

Dessa forma, quando consideramos a aplicação de um sistema de governança corporativa na empresa familiar, estamos levando em consideração essa separação entre a ideia de propriedade e administração do negócio.

O conceito aponta, basicamente, a ideia de administração de uma empresa tendo por bases alguns princípios muito bem definidos.

Princípios da governança corporativa

A governança corporativa funciona através de 4 princípios essenciais. São eles:

  • Equidade: é imprescindível garantir tratamento justo e igualitário a todos. Seja entre os colaboradores, fornecedores, clientes, etc.
  • Transparência: garantia de que todas as informações necessárias serão repassadas aos respectivos interessados. Somente assim será construída uma sensação de confiança, tanto entre os funcionários, quanto entre a empresa com seus stakeholders
  • Accountability: relacionado ao item anterior, é o princípio que demonstra a importância de manter uma prestação de contas acertada e responsável. Cabe aos administradores sempre demonstrarem que estão assumindo a responsabilidade de suas atitudes e decisões.
  • Responsabilidade corporativa: os gestores devem considerar também questões de ordem social e ambiental no momento de tomada de decisão. Uma atuação que dialogue com a noção de sustentabilidade, pode demonstrar uma responsabilidade corporativa capaz de influenciar na longevidade da organização.

Saiba mais: Você sabe qual é a diferença entre Governança e Gestão?

Vantagens de aplicação

Esse sistema é muito aplicado no ambiente empresarial, pois é capaz de proporcionar vantagens na gestão das organizações.

No caso da governança corporativa na empresa familiar, os benefícios também estão muito presentes e visíveis.
Por isso, esse sistema está sendo uma opção cada vez mais adotada para garantir a sobrevivência desses negócios em longo prazo.

Dentre suas vantagens, estão:

  • Tomada de decisão mais participativa e menos centralizada: com a governança corporativa, a tomada de decisão não se restringe apenas a uma pessoa. A empresa se beneficia com visões mais múltiplas, desvinculadas de opiniões muito individuais e tendenciosas, além desse processo de tornar mais transparente.
  • Fortalecimento da marca: a governança afeta positivamente o posicionamento da marca da empresa, tornando-a mais forte no mercado.
  • Alinhamento de interesses: proporciona um maior diálogo com stakeholders e a possibilidade de alinhar interesses que não são tão restritos a um familiar, por exemplo.
  • Capacitação de colaboradores: esse modelo é capaz de desenvolver lideranças e capacitar herdeiros a se tornarem reais administradores, não apenas serem designados a funções por questões familiares.

Como colocar em prática a governança corporativa na empresa familiar

Para colocar em prática o sistema de governança corporativa na empresa familiar, você deve considerar pontos importantes, como:

1- Criação de um conselho de família

É importante considerar a criação de um conselho de família totalmente desvinculado do tradicional conselho de administração (CA).

Esse conselho de família, diferentemente do CA, não irá participar do sistema de gestão da empresa.

Entretanto, apenas irá servir para organizar as expectativas desses familiares sobre a organização da empresa.

Deverá funcionar como uma espécie de fórum de debate entre seus membros, funcionando fora da empresa, e onde serão discutidos possíveis assuntos conflituosos.

Sua função visa à formação de uma posição de consenso entre os familiares em relação a questões como:

  • Quais são os valores que representam a figura da família e deverão guiar os negócios;
  • Quais os critérios de sucessão e participação na sociedade;
  • Os limites que irão separar interesses familiares e da empresa;
  • Auxiliar no bom relacionamento com demais sócios;
  • Instituir qual seria o direcionamento geral dos negócios da organização;
  • Definir os critérios e regras que definem os membros que fazem parte do conselho de administração.

Vale ainda ressaltar que o emprego de terceiros pode auxiliar na mediação externa de possíveis conflitos, dando um caráter mais imparcial e neutro às discussões.

2- Atenção à profissionalização da família

Em uma empresa familiar, a pressão costuma ser muito grande, assim como a chance de conflitos e envolvimento emotivo nas questões dos negócios.

Por isso, é muito importante visar à profissionalização das relações da família nessas empresas, tornando-as mais formais quando o assunto é a organização.

Além de adotar processos de controle do poder familiar na empresa, invista até mesmo em ferramentas de comunicação para complementar ou substituir canais mais informais.

3- Planejar e desenvolver a sucessão

Qualquer processo que envolva a sucessão de cargos é complicado e envolve fatores emocionais.

Mas, nas empresas familiares, o assunto é ainda mais delicado.

É muito comum que membros da família cheguem a posições de gestão pelo simples fato da hereditariedade e não de real competência ou habilidade.

O que pode ser desastroso para o bom andamento da organização como um todo.

Por isso, para implantar a governança corporativa na empresa familiar, é importante considerar o elemento da meritocracia na hora de redistribuir os cargos.

E, caso o desejo seja colocar um herdeiro em altas posições de administração, faça um planejamento a longo prazo.

Desde cedo é preciso que esse membro desenvolva habilidades, conhecimentos teóricos e práticos para seu futuro profissional.

É importante considerar que o administrador precisa estar preparado para sua função, entender a complexidade de suas atividades, além de sentir-se confiante o suficiente para executá-las.

4- Procure ajuda externa

Iniciar uma governança corporativa em sua empresa familiar é uma tarefa complexo, mas pode ser executada.
Mas, se mesmo assim não se sentir tão seguro para colocar esse sistema em prática, você pode, ainda, procurar ajuda externa.

Opções como cursos, palestras, programas de coaching ou uma empresa de consultoria, como a Setting, por exemplo, poderão te auxiliar a colocar em prática essas mudanças de maneira ainda mais fácil.

Adotar o sistema de governança corporativa na empresa familiar pode aumentar a sua produtividade e perpetuar o nome da organização no mercado.

Além disso, essa opção fornecerá um ambiente mais propício para manter um equilíbrio também nos relacionamentos pessoais entre a família.

O resultado será uma relação melhor e a permanência do legado familiar representado no bom funcionamento de sua empresa.

Jorge Secaf Neto

Jorge Secaf Neto

Sócio fundador da Setting e Conselheiro Certificado IBGC, atua como Conselheiro e Consultor Sênior em organizações que buscam transformação. Tem seus principais interesses profissionais vinculados à educação executiva de forma continuada, e à busca pela excelência em Governança e Gestão organizacional.