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Com o argumento de que não é possível prever o futuro e construir cenários confiáveis, alguns não acreditam em planejamento estratégico em tempos de grandes transformações. Construir cenários confiáveis é uma tarefa bastante complicada, seja em tempos de lentas ou rápidas transformações. Porém sem ter em mente as diversas possibilidades e estar preparado para elas, será muito difícil atravessar qualquer crise e alcançar os resultados almejados.

Não é comum, no entanto, um momento como o que estamos vivendo hoje, em que o mundo está fortemente afetado por uma pandemia e, consequentemente, em crise, exigindo rápidas e inovadoras ações para vencê-la. E é neste momento que planejar faz toda a diferença.

Porém, o que muda, em tempos de rápidas transformações, é o processo do planejamento estratégico que deve ser mais dinâmico, flexível e com espaço para ajustes periódicos ao longo de todo o seu ciclo.

Importante salientar que ter uma estratégia é fundamental para que as empresas consigam atravessar a crise e estejam preparadas para alcançarem suas visões de futuro e obterem os resultados almejados.  Para isso é preciso planejar.

A cultura do Planejamento no Brasil

O Brasil não é reconhecido como um país com cultura de planejamento, e talvez por isso seja criativo em momentos de crise, mas será que consegue resultados melhores do que países que têm como hábito o planejamento? Em sua maioria, países com hábito de planejar saem-se melhores do que o Brasil em tempos crise e, muitas vezes, ficam até mais fortes do que entraram. No mundo corporativo acontece o mesmo e crises podem ser momentos de grandes oportunidades para muitas empresas. Mas o que considerar em um planejamento estratégico em época de crise e rápidas transformações?

Três considerações que não podem deixar de serem feitas no planejamento estratégico em época de rápidas transformações:

1. Entender os fatores indutores dessas transformações

Um bom começo é fazer uma análise profunda do ambiente externo para entender o impacto da crise ou das mudanças em curso no seu modelo de negócio atual e quais os fatores relevantes para esse impacto, ou seja, os fatores indutores das transformações.

Nesta análise, é fundamental a compreensão dos aspectos tecnológicos que estão causando as alterações nos modelos de negócios e impactando no comportamento dos consumidores e saber, também, como utilizar a tecnologia nas análises de dados e informações e no desenvolvimento de produtos e serviços adequados ao novo mundo.

 “Nossa última pesquisa confirma que o futuro pertencerá às empresas que colocam a tecnologia no centro de suas perspectivas, capacidades e mandato de liderança”  

Veja no artigo da McKinsey como as empresas estão repensando o papel da tecnologia digital em sua estratégia geral de negócios e como conduzir os negócios no ritmo acelerado que agora é necessário para operar.

2. Conhecer as novas características exigidas para a força de trabalho

Outro ponto muito importante é observar, na análise interna, quais são as atuais competências e habilidades da força de trabalho e verificar a lacuna existente em relação às novas necessidades.  As habilidades ligadas ao comportamento do colaborador (soft skills), a diversidade, as questões socioambientais, as novas funções voltadas à experiência do cliente, entre outros, estão potencializando as transformações. Não só as novas gerações, mas muitas pessoas, estão revendo seus hábitos de vida e de trabalho e está havendo uma reflexão na forma de atuar, de viver e de se relacionar.

“A força de trabalho emergente da pandemia é diferente daquela que entrou nela. Embora a composição da força de trabalho possa ter mudado, as mudanças mais significativas estão ocorrendo na maneira como as organizações abordam o talento que possuem, o talento de que precisam e as expectativas que seu talento tem deles.”

Citação feita no artigo escrito por Marino Baldocchi, Schaninger e Sharma publicado no site da Mckinsey:  “The future of the workforce: Investing in talent to prepare for uncertainty”.

3. Considerar a Inovação e as questões de Sustentabilidade

Além da tecnologia, dos aspectos comportamentais e competências da força de trabalho, importante destacar a inovação e as questões de sustentabilidade, representadas no ESGEnvironmental, Social and Governance – como essenciais nas análises interna e externa. Tanto Inovação quanto Sustentabilidade devem ser elementos chave a serem considerados nas estratégias traçadas, com a ênfase adequada a cada negócio. Não dá mais para deixar que sejam apenas discursos, é preciso colocá-los no centro das estratégias para que sejam praticados efetivamente.

O mais importante, no entanto, é ter uma estratégia que leve a sua empresa aos resultados pelo melhor caminho. O escritório de gestão estratégica, ou como chamam alguns “sala de guerra”, “cockpit”, “cabine de controle”, deve trabalhar com agilidade e flexibilidade e com o mínimo de interferência política possível, para que consiga fazer as revisões e ajustes de forma rápida e sem burocracias desnecessárias. Com certeza não é uma tarefa fácil, mas quem conseguir estará à frente de seus concorrentes atuais e futuros.

Vera Maria Stuart Secaf

Vera Maria Stuart Secaf

Sócia e Consultora sênior, atua há mais de 20 anos na gestão em organizações de diversos portes e setores. Vera é administradora de empresas com MBA na Fundação Dom Cabral e Kellogg e Master em Governança na Nova Economia pelo GoNew Economy.

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