Alan Pogrebinschi é coach e empreendedor. Formado em Economia e em Matemática pela Universidade de Cornell, nos EUA. Por muitos anos trabalhou no mercado financeiro em Nova York e também em SP, em bancos como Morgan Stanley, Lehman Brothers, Barclays e UBS. Desde os 16 anos, quando viveu por um período na Índia, pratica Mindfulness.
Durante a década de 90 recebeu treinamento e trabalhou com várias técnicas de meditação. Em 2012 deixou o mercado financeiro e voltou a estudar e trabalhar com Mindfulness, fazendo treinamentos na Índia, EUA e Europa.
01. Alan, você poderia nos explicar brevemente o que é o Mindfulness e como ele está sendo utilizado no mundo empresarial?
O Mindfulness é uma habilidade, um comportamento que pode ser aprendido e cultivado. Uma tentativa de definição seria a capacidade de estar presente e consciente dos seus pensamentos, percepções, sensações e sentimentos, sem julgá-los e sem tentar modificá-los. Inúmeros estudos científicos nos últimos 20 anos comprovaram os benefícios do Mindfulness para a saúde física, mental e social. As empresas perceberam como os benefícios do Mindfulness se traduzem em maior produtividade, criatividade e satisfação. E por isso tem investido em treinar seus funcionários.
02. O Google, que é considerado como uma empresa inovadora tanto em suas ferramentas e produtos, quanto no relacionamento com seus funcionários, utiliza o Mindfulness desde 2007 (com mais de 2000 funcionários participantes). Como você acredita que será a maneira de lidar com as equipes no futuro?
O Mindfulness não é somente algo que se faz por alguns minutos, sozinho e de olhos fechados. É uma maneira diferente de se relacionar com suas experiências internas, com o mundo e com as pessoas. Por isso tem muito a oferecer às equipes e grupos humanos de todos os tipos. O que eu chamo de Mindfulness Funcional é justamente o trabalho que dá ênfase em trazer o Mindfulness para a vivência cotidiana, e em especial para os relacionamentos. Isso é revolucionário numa equipe porque traz mais flexibilidade nos relacionamentos e diminui a perda de tempo e produtividade provocada pela excesso de identificação com pensamentos, idéias e sentimentos. Quando aprendemos a estar presentes e não julgar o que sentimos e pensamos, nossa criatividade floresce, nossa compreensão do outro se aprofunda e nossa capacidade de reconhecer e admitir nossos erros se expande. É disto que as equipes do futuro precisam hoje.
03. Um dos grandes desafios empresariais é integrar os times por meio de propósitos e caminhos “comuns” para alcançar as metas desejadas. Como o Mindfulness contribui para que esta integração aconteça?
Um dos pilares do Mindfulness Funcional é o que chamamos de “ação comprometida”. Ela é a ação consciente e alinhada aos seus
valores. A prática de Mindfulness permite que mais de nossas ações sejam reflexo de nossos valores e propósito. Se o propósito de um time realmente é compartilhado, o aprofundamento do Mindfulness deverá permitir um aumento das ações comprometidas
com a sua realização.
04. O Mindfulness trabalha o conceito de “estar no momento presente e sem julgamentos”. Qual é o impacto e quais são os maiores benefícios no dia a dia de uma empresa em que os funcionários praticam tal conceito?
Quando não julgamos o outro, e quando o medo de sermos julgados não nos limita, as relações se transformam. Elas se tornam mais diretas, criativas, satisfatórias e por isso mesmo muito mais produtivas. E no final das contas as empresas de hoje se definem pelas relações entre seus colaboradores.
05. Como o Mindfulness se compara a outros métodos tradicionais, como os coachings empresariais, por exemplo?
O Mindfulness Funcional, ao contrário dos programas de Mindfulness mais tradicionais, se encaixa muito bem num formato
de coaching empresarial. De fato, as sessões individuais de Mindfulness Funcional são sessões de coaching. No Mindfulness Funcional os objetivos também são muito próximos dos objetivos comuns aos programas de coaching. O objetivo é sempre ligado às mudanças concretas de comportamento e no impacto disso no ambiente e nos relacionamentos do praticante de Mindfulness Funcional.