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O que as empresas privadas e fundos de Privaty Equity poderiam fazer na prática para contribuir com maior Diversidade, Equidade & Inclusão?

Li recentemente um interessante artigo publicado pela McKinsey, sobre o potencial do Private Equity (PE) em melhorar a Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI) no local de trabalho e ainda fornecer alavancas para a melhora do desempenho financeiro. Será?
O artigo “Como o private equity pode catalisar a diversidade, a equidade e a inclusão no local de trabalho”¹ foi escrito em março de 2021 por David Baboolall, parceiro associado, Alexandra Nee, líder da área de pesquisa em Diversidade e Inclusão no setor de Private Equity e Lareina Yee, Presidente do Conselho de Tecnologia da McKinsey.
Uma pesquisa de longa duração sobre diversidade em diversos setores, feita pela própria McKinsey, apontou que empresas com maior diversidade nas posições de liderança tendem a ter um melhor desempenho em crescimento de margem do que a média do setor.
Os autores sugerem ainda, que uma análise semelhante aplicada ao PE poderia apontar uma alavanca adicional para a criação de valor nos portfólios das empresas, não só no desempenho financeiro, mas também na obtenção de capital.

Diz o artigo que se isso de fato se confirmar, além da melhora no desempenho financeiro para a própria empresa do portfólio, um fundo de PE focado em promover mudanças significativas em todo o portfólio, produziria um valor empresarial significativo para o fundo. Porém essa correlação ainda precisa ser confirmada para empresas de capital fechado e, embora tenha sido notado um aumento no número de empresas de PE focadas em DEI, ainda é cedo para dizer que houve uma melhoria significativa da diversidade neste tipo de empresa.
A meu ver, mesmo que devagar, o crescimento de empresas de capital privado engajadas com esse tema, já é um passo enorme para aumentar o impacto da diversidade em seus ambientes de trabalho e consequentemente um grande passo também para a mudança para uma cultura mais propícia ao desenvolvimento social.

Um outro estudo feito pela HEC Paris Business School e MVision Private Equity Advisers, “O impacto da diversidade na performance do venture capital”² escrito por Humberto Matsuda, apontou que os fundos de Private Equity com maior diversidade de gênero em sua liderança executiva têm 21% maior probabilidade de superar os resultados de seus concorrentes e 27% mais probabilidade de criar valor substancial aos seus investidores. E isso acontece pelo fato de que a construção de uma tese de investimento ou avaliação de uma oportunidade de negócio, são feitas por pessoas com diferentes experiências de vida, visões de mundo e perspectivas.

“O gênero é apenas uma das possibilidades de diversificar e quanto maior a diversidade de um comitê de investimentos, mais abrangente é a sua capacidade de analisar os acordos propostos e mais assertiva é a decisão sobre os termos do negócio.” Diz Matsuda.
Algumas ações para melhorar o DEI como recrutamento específico para minorias sub-representadas, treinamento de preconceito inconsciente e pesquisas de inclusão, já são realizadas por algumas empresas, porém, segundo diz o artigo da McKinsey, outras práticas podem ser adotadas pelas empresas de PE, como assumir compromisso público por meio da criação de conselhos de DEI, criar critérios para incluir DEI durante todo o ciclo de vida do negócio e utilizá-lo nas due diligences de metas e análises de comitês de investimento, e incluir na pauta de todas as reuniões com parceiros o monitoramento e revisão de métricas de diversidade e inclusão.

Todo e qualquer esforço para aumentar a diversidade e inclusão é bem-vindo, mas parece que nem tudo são flores…

O portal Exame publicou em julho de 2021, um artigo que diz que “o private equity há muito tempo se destaca como uma das áreas das finanças de mais difícil acesso para mulheres” e que apenas 19% dos assentos em conselhos de empresas de portfólio controladas por firmas de private equity são ocupados por mulheres, segundo estudo da HUI Research encomendado pela Associação Sueca de Private Equity e Venture Capital.³

Muitos estudos estão apontando um ligeiro progresso da DEI em empresas do mercado financeiro e em especial no de Private Equity, porém quanto tempo demorará para que os resultados apareçam e os impactos sociais sejam identificados?
Difícil ter essa resposta, porém quanto mais setores se engajarem nesta causa, mais rápido poderemos ver os resultados e os impactos nas sociedades. O Brasil, apesar de estar ainda engatinhando nesta questão, tem uma característica e um histórico de ter respostas rápidas às crises, e parece que agora está olhando mais para os reais problemas socioambientais e percebendo a urgência de serem tratados.
E deixar isto claro e apressar o processo, só depende de nós, como indivíduos e cidadãos que respeitam o meio ambiente e o próximo e exige das diversas instâncias a ação correta para o progresso e desenvolvimento sustentável.

Referências
1 BABOOLALL, David. Alexandra Nee. Lareina Yee. Portal McKinsey & Company. How Private Equity can catalyze diversity, Equity, and inclusion in the workplace. Portal McKinsay & Company. Disponível em: https://www.mckinsey.com/industries/private-equity-and-principal-investors/our-insights/how-private-equity-can-catalyze-diversity-equity-and-inclusion-in-the-workplace
2 MATSUDA, Humberto. O impacto da diversidade na performance do venture capital. Portal Beegin (Grupo Solum). Disponível em: https://conteudo.beegin.com.br/diversidade-venture-capital/
3 Portal Exame. Desigualdade de gênero também domina o private equity na Suécia. Disponível em: https://exame.com/esg/desigualdade-de-genero-tambem-domina-private-equity-na-suecia/

Outras Referências
[1] OWEN, Elijah. Female-Inclusive Investment Committees Are Outperforming Their Peers. Chief Investment Officer: 2 de julho de 2019. Disponível em https://www.ai-cio.com/news/female-inclusive-investment-committees-outperforming-peers/.
[2] EY: O PE pode ganhar acordos se não lidar com a DEI? Pesquisa Global de Private Equity. Disponível em: https://www.ey.com/pt_br/private-equity/can-pe-win-deals-if-it-doesn-t-deal-with-dei

 

Vera Maria Stuart Secaf

Vera Maria Stuart Secaf

Sócia e Consultora sênior, atua há mais de 20 anos na gestão em organizações de diversos portes e setores. Vera é administradora de empresas com MBA na Fundação Dom Cabral e Kellogg e Master em Governança na Nova Economia pelo GoNew Economy.

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