O conceito de planejamento pode ir muito além do que conhecemos atualmente. Prova disso é o livro e conceito “O método PES: entrevista com Matus”, escrito pelo economista chinelo Carlos Matus.
PES, neste contexto, significa planejamento estratégico situacional, uma forma de se preparar para os acontecimentos na empresa de maneira flexível, considerando mudanças e situações não previsíveis para os gestores.
Quer entender melhor o que é planejamento estratégico situacional e como aplicar em sua empresa?
Acompanhe abaixo as explicações do termo, como estruturá-lo e as grandes vantagens em relação ao planejamento tradicional!
O que é planejamento estratégico situacional?
O planejamento estratégico situacional (PES) é um plano de atividades que leva em consideração o momento atual da empresa, mas de forma a permanecer flexível para se adaptar às constantes mudanças de uma situação real organizacional.
O PES foi desenvolvido por Carlos Matus, a partir da década de 70. O economista percebeu as complexidades de problemas reais e como o planejamento tradicional poderia estar sendo falho para resolvê-los.
No caso de Matus, a metodologia lidava com desafios do setor público, uma vez que ele trabalhava como ministro do governo de Salvador Allende, no Chile. Com o passar do tempo, se tornou uma ferramenta importante para a gestão empresarial em diferentes nichos do mercado.
Quando se considera uma estratégia situacional, a ideia é que os planos que você elabora possam (e devam) ser adaptados ou reformulados de acordo com variáveis das situações.
Veja também: As 7 etapas do Planejamento Estratégico para implementar na sua empresa
Metáfora do jogo semicontrolado
Nada pode ser totalmente controlado. Conforme Matus descreveu:
“os jogadores escolhem seu plano de jogo, mas não as circunstâncias em que devem realizá-lo”.
Mesmo na metáfora de jogo, e que se estende para o planejamento empresarial, significa que ambos são apenas semicontrolados.
O Doutor em Engenharia Itiro Lida, em seu artigo “Planejamento estratégico situacional”, comparou o PES com um jogo de xadrez.
Ele explica que, sempre que você faz uma jogada, ela é precedida de uma análise situacional, para que se busque a melhor saída naquele exato momento. Mas, para que seja efetiva, não dependerá apenas da sua decisão, mas também da reação de quem você está jogando.
De repente, uma jogada inesperada dessa pessoa pode anular uma aparente boa jogada sua. O que significa que o objeto do plano não é passivo e tem suas próprias jogadas, assim como um PES.
Como o PES funciona?
Você poderá aplicar o PES na empresa ao entender o que é planejamento estratégico situacional e como ele funciona.
Para estruturar um planejamento estratégico situacional, o método consiste na análise de quatro diferentes momentos:
1- Explicativo
Momento em que você, como gestor, deve elencar problemas, priorizá-los e descrevê-los. Se diferencia de um “diagnóstico” tradicional porque deve ser mais abrangente, considerando circunstâncias reais. Ou seja, não somente as próprias avaliações, como indicadores, levantamentos e pesquisas.
2- Normativo
No momento normativo, deve-se estudar o que aconteceria com o plano de ação caso as condições fossem as ideais. Em um mundo ideal, onde tudo corresse conforme o esperado, qual seria o resultado?
3- Estratégico
Já no momento estratégico, você deve elencar todas as adversidades daquele plano:
- O que poderia dar errado na implementação?
- Há contradições entre os objetivos?
- A empresa tem todos os recursos que precisa para atuar com o plano?
- A proposta é de fato viável?
Sejam fatores políticos, econômicos ou estruturais, tudo deve ser considerado.
4- Tático-operacional
Este é momento já da execução do plano, mas considerando que, no PSE, a avaliação é contínua. Ao invés de apenas acompanhar a execução do plano, é importante saber agir de acordo com diferentes circunstâncias.
O estudo anterior pode ajudar, mas somente a vivência fará com que a mudança aconteça. Organização, previsão e supervisão são imprescindíveis nessa fase.
Veja este quadro que compara as características do planejamento tradicional com o PES:
Diferenças do PES para o planejamento tradicional
Talvez você já tenha identificado algumas diferenças em relação ao planejamento tradicional ao entender o que é planejamento estratégico situacional. Mas, para deixar claro, elencamos alguns destaques abaixo.
1- Atua sob um plano não estático e contínuo
O planejamento tradicional costuma falhar muitas vezes por considerar o plano e os problemas de forma estática, com comportamentos previsíveis. É como se o objeto fosse totalmente passivo, e o planejador pudesse fazer tudo o que planejou como bem entendesse. Não há margem para ações não planejadas.
Já o PES entende que nem tudo é estático e pode ter uma solução objetiva. Embora o controle total da situação não esteja em suas mãos, você pode se planejar continuamente para ajustar os problemas e implantar melhorias.
2- Explicações são mais realistas
O modelo tradicional projeta o futuro a partir de um diagnóstico do passado, sem considerar grandes mudanças. Enquanto isso, a explicação da realidade no PES considera uma apreciação totalmente situacional.
Isso faz com que as análises e o planejamento sejam mais realistas e não deem espaço para grandes erros. Ao longo do plano, a análise situacional deve continuar acontecendo, sempre considerando variáveis e reações externas.
3- Planejamento e ação atuam juntos
Enquanto no plano estratégico tradicional existe uma separação entre a equipe de planejamento e execução, no PES não há uma figura de planejador. Existe a mediação entre o plano e a ação, um acompanhamento constante e próximo, muitas vezes sendo o planejador o executor das ações.
Isso evita aqueles velhos problemas de planejar, mas, na hora de agir, aquilo não se encaixar na realidade, não existir possibilidade de mudanças e acabar deixando o plano inicial totalmente de lado. Como sabemos, a falha de planejamento e a ideia de um plano acabado antes da execução podem causar grandes prejuízos.
Veja mais: Exemplo de planejamento estratégico de uma empresa: Estratégico, tático e operacional
Conclusão: planejamento estratégico situacional é mais assertivo
O planejamento estratégico situacional considera diversas variáveis e se torna muito mais assertivo para gestores e resultados nas empresas.
Afinal, o PES não termina quando acontece a entrega do plano de ação. Quem planeja deve acompanhar e monitorar todas as circunstâncias de sua implementação, aplicando mudanças se necessário.
As decisões não devem acontecer somente com base em um diagnóstico do passado e sob um plano estático. Elas devem vir acompanhadas sempre de atualizações e para que sejam tomadas no momento exato em que precisam.
Um planejamento muito mais aproveitável do que um monte de teorias que, na prática, não funcionam. Concorda?
Se gostou do conteúdo, que tal compartilhar o que é PES com outros profissionais? Testar na realidade empresarial pode ser um grande desafio, mas extremamente vantajoso e satisfatório!
Confira também em nosso blog: 5 motivos porque fazer planejamento estratégico para sua empresa
A Setting ee uma empresa de consultoria empresarial como foco em geração de valor e resultados para o sue negócio. Sua metodologia valoriza as pessoas, os clientes e a gestão baseada em fatos.
Dentre as diversas atividades que pode realizar para sua empresa, uma delas é o planejamento estratégico.